05/06/09

Kung Fu (David Carradine 1936-2009)


Há actores que valem mais pela presença do que pela técnica, pela adequação a uma personagem, ou pela composição de várias personagens próximas, construindo uma imagem que associamos de imediato a um corpo. Actores que não ganham Oscares (o pai dele, John, conseguiu um em Vinhas da Ira, de Ford)  - mas deixam uma marca para a eternidade. É claro que David Carradine é um mito da minha infância. Na série Kung Fu, o herói que vagueia pelo Oeste não cavalga nem usa um revólver - caminha e usa as mãos e os pés enquanto medita. O zen cool deverá ter sido a razão pela qual Tarantino escolheu Carradine para o papel de Bill; o corpo envelhecido, a crueldade controlada, a piedade; sobretudo, a voz, pausada, cava, uma dicção extraordinária. A presença é essa tranquilidade que o transporta na tela. Restará isso.

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