20/02/08

A casa vazia


Ferro 3 reforça uma certa obsessão que Kim Ki-duk tem por dois elementos, portas e casas, já visível em Primavera, Verão... A porta-limite entre exterior e interior, público e privado, é pacificamente arrombada por Tae-suk e, só esse arrombamento revela a função da casa enquanto espaço habitacional. Tae-suk procura diariamente um sítio para dormir e, aproveitando a ausência dos donos da casa, entra e habita nela por empréstimo, pagando a sua estadia com pequenos arranjos em electrodomésticos, ou tratando da roupa. Até que um dia, numa casa aparentemente vazia, é surpreendido por uma mulher, Sun-hwa, vítima de um marido violento. O fantasma vem à superfície por breves momentos, os suficientes para uma fuga com Sun-hwa e uma relação tão silenciosa como as casas que juntos passam a habitar. No final, o reencontro perfeito com o fantasma que sempre esteve lá, uma presença subtil e fantasmagórica fora do campo de visão. Em português o título indica o taco de golfe, Ferro 3, também personagem desta narrativa, mas em inglês, Empty houses, faz justiça à ideia do realizador : “We are all empty houses waiting for someone to open the lock and set us free”.
(o verdete)

[
Susana]

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