26/07/07

Movimento

Não há sangue e mortos na sala de cinema quando saio. A realidade continua a passar fora do ecrã, imune à violência. A vontade que tenho, ao entrar, é de apenas ver um filme. Um filme não salva a vida (nem redime o cinema). O tempo que separa cada filme é necessário para valorizar o que se vê. A espera é fundamental. Há quem consiga que o tempo entre cada filme se estenda; há quem não passe um dia sem as duas horas em que a outra realidade actua. O filme incendeia o escuro da sala e regista algum tempo de vida de pessoas que nunca mais iremos ver. Vida que toca a vida do lado de cá. Imagens fixando o movimento na memória. Memória em movimento.

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