30/05/06

Palavra

João Gonçalves, nesta entrada, questiona-se, dando voz às palavras de Bento XIV, sobre a Fé depois do Holocausto - será possível crer lembrando o horror do extermínio? Não sei se tinha presente a formulação mil vezes repetida de Adorno sobre a poesia e a Shoah - todos a conhecem -, se o paralelismo foi propositado. Nada, depois "daquilo". Mas o que me seduz não é a utilização instrumental da frase de Adorno; é o modo como facilmente se pode substituir a palavra "Deus" por "poesia". Num plano de infinita incerteza, o uso da metáfora pode apaziguar os demónios do abandono a que estamos votados. Ocupar, como se fosse uma extensão de terra, o vazio, acendendo no seu lugar a palavra.

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