22/04/06

Pacheco Pereira e a revolução

A minha observaçãozinha a propósito da última atoarda aristocrática de Pacheco Pereira terá sido consequência da precipitação de quem não leu com atenção o artigo. Relido então, percebo e detecto uma vez mais os vícios do historiador. Adorei principalmente aquela referência final à luta de classes e ao horror que lhe está subjacente. O percurso de Pacheco fala por si, e não surpreende portanto este combate travado em nome de um status quo que, a cada momento, é ameaçado pela democrática blogosfera. Sobre este desenvolvimento, leia-se, por exemplo, este texto no blogue Cocanha, por sinal mantido por uma das comentadoras visadas por Pacheco, Zazie. O que me parece é que Pacheco lê poucos blogues, e este défice na leitura dos seus companheiros de medium nota-se quando ele refere, a título de exemplo, alguns nicks de comentadores anónimos. Tudo gente que intervém ou no Aspirina B, ou no Espectro, ou no falecido Barnabé, e pouco mais. Aliás, nem se deve dar ao trabalho de clicar nos nomes que comentam, de vasculhar os blogues que estão associados aos nicks. E porquê? Porque ele, como bom burguês que é, furta-se com nojo ao contacto directo com a "escumalha" que, imagine-se, até tem opinião, mas que, na democracia mediatizada em que vivemos, foi empurrada para um palco menos visível do que aquele oferecido a Pacheco Pereira. O que já fora dito há uns tempos atrás, aquando de outra polémica na blogosfera, pode ser uma vez mais repetido: de que se queixa afinal o homem que escreve semanalmente em três publicações diferentes, comenta na televisão e na rádio, publica livros amplamente publicitados e comprados (ou lidos?), e mantém o blogue mais visitado da blogosfera portuguesa? Do lumpen proletário que parasita os blogues de política. Do horror da gentinha de esquerda. Onde está a seriedade deste tipo de argumento?

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